A colocação de prótese de silicone é uma das cirurgias estéticas mais realizadas no Brasil. Apesar de se tratar de um procedimento consolidado e com alto índice de satisfação, a realização de exames periódicos e o acompanhamento clínico contínuo são fundamentais para garantir a segurança e a saúde das mamas ao longo do tempo.
Nesse sentido, conhecer os exames para quem tem prótese de silicone é essencial para todas as pacientes que já passaram pela cirurgia ou estão considerando realizar o procedimento.
Muitas dúvidas ainda surgem sobre a necessidade, frequência e tipo de exames indicados. Há receios quanto à interferência do implante nos resultados, além de confusões sobre a durabilidade da prótese, possíveis complicações e estratégias de monitoramento.
Este artigo esclarece todos esses pontos, ajudando pacientes a adotarem uma rotina preventiva segura e eficaz.
A importância do acompanhamento mesmo após uma cirurgia bem-sucedida
A cirurgia de implante mamário, seja ela estética ou reconstrutiva, não encerra os cuidados com a mama. Ao contrário, ela inaugura uma nova fase, onde a paciente deve incorporar um cronograma de acompanhamento à sua rotina de saúde. Isso porque, embora a prótese não tenha prazo de validade exato, seu comportamento pode mudar com o tempo.
Fatores como envelhecimento da pele, perda de elasticidade, variações hormonais, impactos externos ou até alterações do próprio implante podem justificar a necessidade de exames de imagem. A avaliação médica regular permite identificar precocemente eventuais alterações, inclusive silenciosas, como o endurecimento da cápsula ao redor da prótese (contratura capsular) ou sinais de ruptura.
Com que frequência devo fazer exames?
A frequência dos exames para quem tem prótese de silicone pode variar conforme a idade da paciente, o tempo desde a cirurgia, o tipo de implante utilizado e o histórico clínico individual. Porém, de maneira geral, recomenda-se:
- Avaliação clínica anual com a cirurgiã plástica ou mastologista, independentemente da presença de sintomas;
- Ultrassonografia mamária anual como primeiro exame de imagem, especialmente para pacientes com menos de 40 anos;
- Mamografia conforme indicado, geralmente após os 40 anos ou em pacientes com histórico familiar de câncer de mama;
- Ressonância magnética das mamas a partir de 2 anos de implante, e depois, a cada 5 a 10 anos, ou conforme orientação médica, para avaliação da integridade das próteses, principalmente em casos de implantes antigos ou sintomas suspeitos.
Importante: pacientes com prótese de silicone devem sempre informar essa condição ao realizar exames, para que o técnico e o médico radiologista utilizem as técnicas apropriadas.
Quais são os exames mais recomendados para quem tem prótese de silicone?
1. Ultrassonografia mamária
É o exame mais solicitado, por ser acessível, indolor e eficaz na visualização de alterações tanto no tecido mamário quanto na prótese. Permite identificar acúmulo de líquidos, alterações na cápsula e sinais de ruptura extracapsular.
2. Mamografia
Apesar de gerar dúvidas, a mamografia pode ser realizada normalmente em pacientes com prótese, desde que o profissional use técnicas específicas como o deslocamento do implante. Esse método permite compressão do tecido mamário sem prejudicar o exame nem danificar a prótese.
3. Ressonância magnética
Considerado o exame mais sensível para avaliação da integridade do implante, a ressonância magnética é capaz de identificar até pequenas fissuras ou rupturas. É indicada especialmente nos seguintes casos:
- Implantes com mais de 10 anos;
- Dores mamárias persistentes sem causa aparente;
- Alterações na forma, consistência ou posição da prótese;
- Avaliação complementar após resultados inconclusivos de outros exames.
O que pode indicar a necessidade de exames fora da rotina?
Alguns sinais podem indicar alterações na prótese de silicone ou no tecido ao seu redor, justificando exames mesmo fora da rotina preventiva. São eles:
- Sensação de rigidez ou endurecimento em uma ou ambas as mamas;
- Assimetria ou mudança repentina de volume;
- Dor persistente;
- Vermelhidão, inchaço ou calor local;
- Nódulos ou áreas de espessamento;
- Presença de secreção mamilar.
Ao notar qualquer desses sintomas, o ideal é buscar avaliação com um profissional especializado para realização de exames e investigação adequada.
O que é contratura capsular e como ela é diagnosticada?
A contratura capsular é uma reação do organismo que envolve o endurecimento da cápsula formada naturalmente em torno da prótese. Em alguns casos, essa cápsula se torna mais espessa e contrai o implante, causando desconforto, dor e alteração na forma da mama.
O diagnóstico geralmente é feito por avaliação clínica, complementado por ultrassonografia ou ressonância magnética. O tratamento pode variar conforme o grau da contratura, podendo incluir desde medicações até cirurgia para substituição ou retirada da prótese.
A prótese pode dificultar a detecção de câncer de mama?
Essa é uma das dúvidas mais frequentes entre pacientes que possuem implantes. Estudos indicam que as próteses não impedem a realização de exames, mas podem dificultar a visualização de partes da mama, principalmente se estiverem posicionadas acima do músculo peitoral.
Por esse motivo, mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou outros fatores de risco devem discutir com sua cirurgiã ou mastologista a melhor estratégia de monitoramento, que pode incluir a escolha de próteses colocadas abaixo do músculo (submuscular) e exames complementares com maior sensibilidade, como a ressonância magnética.
Substituição da prótese: quando considerar?
As próteses de silicone modernas são projetadas para longa durabilidade, mas não são permanentes. O acompanhamento contínuo com exames regulares é essencial para monitorar sua integridade. Em geral, considera-se a substituição da prótese nos seguintes casos:
- Ruptura detectada por exames;
- Contratura capsular de grau avançado;
- Desejo estético da paciente por mudança de volume ou perfil;
- Envelhecimento dos tecidos ao redor da prótese;
- Resultados insatisfatórios da cirurgia anterior.
A substituição é uma cirurgia programada, feita em ambiente hospitalar, com análise completa da mama e nova escolha do implante ou técnica reconstrutiva, quando necessário.
O papel do acompanhamento com a cirurgiã plástica
Além dos exames de imagem, a consulta periódica com a cirurgiã plástica é indispensável. Essa profissional é a mais capacitada para avaliar tanto o aspecto estético quanto o clínico das mamas com implante. Durante a consulta, são observados aspectos como posicionamento da prótese, simetria, textura da pele, presença de nódulos, aderências ou outras alterações.
A orientação sobre quais exames realizar, quando realizá-los e como interpretar os resultados também deve ser feita por quem acompanha o histórico da paciente. Isso evita exames desnecessários ou preocupações infundadas.
Conclusão
Os exames para quem tem prótese de silicone fazem parte de uma rotina de autocuidado e prevenção, que vai além da estética. Ter uma prótese exige responsabilidade e atenção ao próprio corpo. Com acompanhamento regular, é possível detectar alterações precocemente, tomar decisões mais seguras e garantir a longevidade dos resultados da cirurgia.
A paciente bem informada e bem assistida tem mais confiança para cuidar da própria imagem e, acima de tudo, da própria saúde.